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sexta-feira, fevereiro 4

Enquanto isto, na sala da justiça...

"O homem, na noite,
acende a si mesmo uma luz,
quando a lua dos seus olhos se apaga.
Vivo, toca na morte, quando adormecido.
Acordado, toca os que dormem". Heráclito de Éfeso.


Muitos são os mitos que construímos durante a vida.
Alguns não passam de miragens, ilusões dos sentidos, opiniões.
Outros, porém, partem da sua forma de gente,
igual a nossa, para ocupar um lugar superior.
É possível que durante a vida e em uma carreira qualquer,
algumas pessoas tenham alcançado uma estatura
real ou imaginaria que faz com que sejam assim tratadas.
Recife é uma cidade fértil em mitologias inúteis.
Aqui, o passado não encontra repouso,
as pessoas, os governantes, não deixam
o pobre Mauricio de Nassau morrer em paz.
A construção de figuras heróicas, importantes,
destacadas, sempre serviu ao poder.
Não que algumas figuras não tenham destaque,
mas o uso incessante de suas presenças
revela um pouco do tipo de civilização que queremos.
Há um caminho que vai pelo
reconhecimento da igualdade de todos
e também do mérito de cada um,
e que necessariamente comporta duas palavras
que ajudam a definir as relações em sociedade.
Isonomia é uma delas.
Aqui todos são iguais, tem o mesmo tratamento e não há privilégios.
Isegoria e outra... Onde todos podem falar,
tem direito a voz e a explanar seus desejos, sonhos, conceitos.
Para construir uma sociedade assim,
é preciso que cada um assuma uma luta incessante
para ser tratado com igualdade, respeito, voz e vez.
Sem paixão, nada se constrói.
O outro caminho é o dos privilégios.
Este, é fartamente conhecido dos brasileiros, onde
“todos são iguais, porém , alguns são mais iguais que os outros”.
É neste caminho, que patrão trata funcionário como escravo,
que os assédios morais e sexuais acontecem
e que os boçais de plantão, os bajuladores,
tratam as pessoas mais simples pela nossa conhecida frase...`
”Vc sabe com quem esta falando?
Aqui nos cabe fazer escolhas.
Pensei nestas coisas estes dias
e considerei um caso interessante na nossa cidade.
O governo estadual deveria funcionar como produtor cultural
ou apenas como fomentador da cultura?
Qual a razão para que o Mitológico Ariano Suassuna
tenha uma secretaria para as suas aulas espetáculos?
Este privilégio será estendido a todos os artistas?
O projeto cultural de Ariano não deveria ser submetido ao Funcultura
como todos os outros? Os artistas de Recife, não reclamam,
pois tem medo de perder alguma coisa
(pautas nos teatros, projetos recusados, empregos)?
Ou porque no fundo desejam ser tratados também de forma privilegiada?
Sim, eu sei reconhecer os méritos de Ariano Suassuna
e de outros artistas.
Numa sociedade democrática, estas pessoas são tratadas com respeito,
com dignidade, com honradez,
mas numa sociedade democrática,
este tipo de tratamento deve se estender a todos.
E todos têm o direito de participar igualmente
dos benefícios que o estado pode gerar...
Participar igualmente, quero reforçar.
Minha angustia aumenta a cada dia ao viver aqui,
eu que sou um “estrangeiro”.
Parece-me que tão acostumados à escravidão,
a sinhazinhas e sinhozinhos,
a privilégios de toda sorte,
a tratar a todos os aparentemente superiores por “senhor” e “senhora”
e aos mais simples com desprezo e repugnância,
nós os artistas deixamos completamente de lado
nossa capacidade de vanguarda, de rompimento,
de transformação, de tocar o sublime, de transfigurar.
Perdemos a paixão e o fôlego, não corremos riscos.
Queremos apenas privilégios também.
Talvez as pessoas não reclamem mais,
porque no fundo elas também querem uma assessoria especial.

Eu vejo vcs por ai, nos bares da cidade,
nos teatros, aqui neste blog. Um abraço.

eliasmouret

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