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segunda-feira, março 30

Hóspede da semana :: Adilson Jardim

A Trupe recebe como hóspede ADILSON JARDIM. Adilson é mestre em teoria literária pela UFPE, escritor e poeta. Publica no blog “OÓCIO”, http://www.oocio.blogspot.com.

Ajudem-nos a divulgar mais este trabalho e boa visita!


MANHÃ

Entre galhos luminosos
Através das lentes dos olhos
Nuvens se envolvem
Se mitigam se machucam.

O amor natural em vistas ociosas
Escapa, seu primitivo arrebatamento.

No istmo das costelas
Na proa dardejando a amplidão
Vasta planície grávida
Na sua plasticidade não-humana.

Abaixo, árvores rezam solidãomente
Pernas de óculos e velho passeiam – inerte a praça
A janela umedece nos seus contornos extremos.
A mente umedece como por uma lágrima.

Vão morrendo os pardais
Um morcego entra pela janela da memória
Que há muito guardava flores rubras e uma cena verde
Agora tocadas pelo chão.


O ARQUITETO

O arquiteto não especula
Mede, calcula, delimita
Possibilita o alvo.

Sua retina não brilha
Não há viezes em suas previsões
Atinge as varizes das casas e entrega o objeto intacto.

Diz do que é elegante
(Diz-que-me-diz não é seu campo)
Diz – e não narra.

Não narra. (Há sofrimento
tanto nas cidades, há procissões
de medos nas ruas – de um lugar que não existe –

mas o arquiteto não as vê;
se as vê, manda o trator ruir).
As lágrimas são seus jardins irrigados
Seu canal obstruído, seu fosso.


A MULHER AMADA

Uma mulher amada. A mulher sem danos.
A mão danada provocando enganos,
Engodos, suplicando como se a mulher amada
Fosse a única, a verdadeira, de nuances que
A tornam múltipla. De música que a faz harmônica.
A mulher sem túnica. Única, como se a boca
Despejasse santos que a substância não explica
Prescrevida antes de anunciada.
Uma mulher amada: a palavra.

***

Pensa rápido o poeta que evita o estampido
Que ouve no coração. Tão mais rápido
É a rima que a canção, que esta não a pede,
Melhor o amor que a paixão, que o impede
(ao poeta) a verdade dos versos mais sutis.

***

Tivessem os dons do Cristo
as mesmas propriedades do gesso
Ocidente a romper-se aos baques

Nós outros, em nossas santas vontades
removendo crenças com grandes desagravos
Mas, que poríamos no próximo altar?

A inabalável fé em tudo
sobre um carrossel de nada.

***

Crer em Deus é
crer demais
o poeta engendra
seu poeta demiurgo
de si

o inventário
de lembranças
das que não terá
e das que
sim

4 comentários:

Alisson da Hora disse...

Grande Adilson, finalmente saindo do forno!

OOCIO disse...

Bah!
Pelo menos não estou saindo do armário... brincadeirinha.

Unknown disse...

Novas sementes do poeta? As raízes fincadas a tempos, fazem o caule firme, sólido discurso, frutos amadurecidos (ou eternamente renovados) nas folhas mãos do poeta. E a seiva corrente finca o a pele/carne do leitor. Que a poesia se mostre VERDE VIDA / VER-TE VERDE!

PEDEPOESIA disse...

...mas do armário saem poemas belíssimos, também. Desgaveta-os...

L...