Também quero escrever umas palavrinhas sobre Ophélia, este singelo espetáculo do DIG, d'Improvizzo Gang. Ophélia me fez lembrar as brincadeiras de infância onde tudo virava qualquer coisa e os adultos eram outros personagens: minha mãe - espiã inimiga infiltrada, meu pai - um agente secreto infiltrado, minha irmã - uma bruxa espiã secreta infiltrada...
Enfim, transcendendo as questões edipianas, tudo e todos eram transformados, remodelados, reformados, desconstruídos e construídos. No teatro é sempre assim e em Ophélia, nós somos platéia, reis, rainhas, príncipes, plebe.
Polly e Mickey e Shakespeare acertam no simples com muito carisma. Acertam no sofisticado com toda a sutileza de quem tem olhos de ver o sutil. Um texto lindo, com músicas (e que letras!), com humor, com dúvidas, com inocência e desvelação.
Num momento Ophélia avisa a uma querida amiga: "Julieta isto vai dar em MERDA!"
No momento seguinte diz: "Morte é silêncio".
E para mim, vida é ancestralidade no aqui e agora: é um vestido de casamento que vira figurino, uma caveirinha com os dentes da atriz, o ar-condicionado fantasma barulhento, a energia do teatro, a memória de Shakespeare e das atrizes-Ophélias, o balé sobre o "lago", os vagalumes que deixam caixas, a materialização do tempo que passa, as interjeições na boca da corte, a plebe com seu dia de vingança ou justiça, a podridão ali ao nosso lado, conosco. Tudo isso é também o espetáculo.
Como escreveu Elias no post abaixo, no fim acredito que não esclareci (e que bom!).
Quem não assistiu tem uma chance na próxima sexta (17/12), no Teatro Joaquim Cardozo. É um espetáculo que vale muito.
Evoé!
Até!
Vivi Bezerra
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