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terça-feira, novembro 2

"Grande parte dos homens não pensa sobre a tempestade ao embarcar!"

Hoje celebramos os mortos...
Os cemitérios estão cheios, nós convivemos com a morte.
Neste lugares, erguemos tumbas de diferentes feitios,
de mármore e barro, cercadas de flores e obras de arte.
Os rituais, que alguns equivocadamente pensam perdidos,
nos trazem um alento indefinido e triste.
Há quem prefira queimar o morto e guardar as cinzas...
Alguns enchem o coração de cinzas por toda vida.
Afastar-se dos rituais de despedida,
não desejar sofrer, não encarar as perdas,
é o caminho de muitos hoje.
Penso que é um caminho equivocado,
assim como é também incorreto, estender o luto
indefinidamente.
Muitos usam o sofrimento da perda, como desculpa
para uma vida mergulhada no nada, na covardia.
Podemos sempre justificar nosso comportamento
citando a nossa dor imensa.
Os rituais existem não só para trazer suavidade
aos vivos, mas também para deixar que
os mortos sigam seu caminho.
Tudo acaba, fenece e se afasta.
Algumas coisas completam sua jornada
dentro da própria vida.
Como um amor que julgamos eterno,uma roupa
que gostamos, um ideal que nos tomou a juventude.
Deixar que cada coisa cumpra sua jornada,
que a flor murche, que os amigos sigam viagem,
é um "sintoma" de sabedoria.
No momento em que escrevo,
tenho em mente as pessoas que perdi
para a vida e para a morte.
Quando deixei que seguissem seu rumo,
dei um primeiro passo para ser livre e viver.
Aqui, não há nenhum elogio da indiferença,
do destino fatalista ( em que não acredito),
do abandono da luta.
Ao contrário, é um convite a uma comprensão
de nós mesmos, dos seres, das coisas,
que permita a vida para além das nossas necessidades.
As pessoas não vieram ao mundo para nos fazer felizes.
Também elas, acredito, trazem a sua lanterna
e tem uma existência desligada da nossa.
É uma relação afetiva, um bem querer, um amar
que aproxima o que necessariamente é diverso.
Nosso coração foi tocado por algo, que nos faz
imaginar sermos donos do objeto que desejamos.
É um engano. O amor, sempre liberta, encanta, eleva.
Na morte,não há indgnidade.
No sofrer, no lamento, na tristesa, não há vergonha.
Indigno e vergonhoso, pode ser o nosso comportamento
diante das perdas, e do acabar.
Os pássaros são mais livres no ar...
e quando estão voando, nem por isso
deixamos de pensar que são nosssos.
Coisa triste é uma gaiola e transformar o coração
e a mente em algo similar é doentio.
Vive aquele que liberta o outro,
até também ele ser livre para algo incognoscível.
Amar o mistério e o escondido.
Tomei Sêneca emprestado para escrever este texto
e quero findar com algumas palavras do mesmo:

"Meu discurso, se dirige aos imperfeitos, aos
medíocres e doentes. Não ao sábio...
tem consciência que a vida é algo que lhe foi dado
de empréstimo...
Existe a doença, o cativeiro, a ruína, o fogo.
Nenhuma dessas coisas é surpresa. Eu sabia
em que tumultuosa hospedaria a natureza
me enclausurou...
Grande parte dos homens,
não pensa sobre a tempestade ao embarcar."

* Sêneca - Da tranquilidade da Alma.

eliasmouret

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