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sexta-feira, janeiro 7

Grão Comum apresenta repertório

O Coletivo Grão Comum inicia semana que vem uma Mostra de seu repertório de espetáculos: Delicado (Daniel Barros), Abanoi - desse lado onde estás (Júnior Aguiar), Mucurana - de mundo afora e história adentro (Asaías Lira) e MARéMUNDO (Arthur Canavarro).
Vale a pena assistir os trabalhos deste Coletivo que prima pela pesquisa e veracidade. Além das apresentações, haverá uma conversa sobre o processo de criação com cada criador. Paralelamente, ocorre uma exposição fotográfica das encenações com autoria de Juan Guimarães .

Programação

Mostra Grão Comum

11 de janeiro (22h) – DELICADO

18 de janeiro (22h) – ABANOI – desse lado onde estás

25 de janeiro (22h) – MUCURANA – de mundo afora e história adentro

01 de fevereiro (22h) – MARéMUNDO



ONDE? MUDA (Rua Capitão Lima, 280. Bairro: Santo Amaro. Telefone: 3032- 1347)

QUANTO? Preço único 10 reais ou ingresso coletivo 30 reais (ingresso com desconto para compra antecipada, possibilitando acesso aos quatro espetáculos)


ESPETÁCULOS
DELICADO expõe uma tragédia brasileira. Daniel Barros se debruçou sobre o universo da obra de Nelson Rodrigues e o foco temático retratado caiu sobre a questão da moralidade. Assim, o espetáculo é a confissão do personagem Eusébio, filho de Macário e Dona Flávia (mãe de sete filhas). Eusébio simboliza a natureza pura do ser humano e as conseqüências dramáticas do seu destino influenciado pela repressão, pelo machismo exacerbado e pelo preconceito de toda uma sociedade. Pois, Eusébio aprendeu: a moralidade é basicamente condenatória. A encenação fala das convenções tecidas pela Moral, coloca em questão a natureza do nosso espírito perguntando: nascemos puros e bons? Somos esses seres generosos e benevolentes ou na verdade descobrimos que não existe bondade natural e que a delicadeza acabou... Somos egoístas, ambiciosos, agressivos, castradores, cruéis, precisamos do dever para nos tornarmos seres morais? Qual natureza possui Eusébio? Sua existência contraria o olhar viciado e cheio de curvas da instituição familiar e da própria sociedade que macula a natureza humana com um machismo exacerbado, retrato de uma sociedade fálica que continua a gerar uma opressão secular sobre a mulher e sobre a própria questão (contraditória) das sexualidades.

ABANOI - desse lado onde estás interliga falas contemporâneas a vozes ancestrais. O espetáculo de Júnior Aguiar conta a seguinte história: Numa reunião, um deus dotado de inteligência é assassinado com uma mistura. Mas do corpo do deus surge um fantasma que reaparece para lembrar tudo o que aconteceu. Através do tempo, o fantasma relembra coisas que não podem ser esquecidas e encarna o anseio da liberdade, não só da pátria, como do próprio ser humano e, principalmente, de todos os povos oprimidos e humilhados. No momento de decifração dos textos identificamos uma mesma voz unir referências seculares, num legítimo jogo de intertextualidade que coloca em diálogo: os brasileiros Augusto dos Anjos(1884-1914) e Machado de Assis(1839-1908); o africano Patrice Lumumba(1925-1961); o grego Nikos Kazantzákis(1883-1957) e Nur-Aya nascido na Mesopotâmia(XVII a.c.)cujo texto originalmente foi escrito em tábuas de barro. É para ocupar a memória e o coração.

MUCURANA - de mundo afora e história adentro mostra a passagem de um peregrino contador de histórias que atravessa o seu país carregando apenas uma bolsa e dentro dela: causos, lendas e cordéis que costuram com a sabedoria popular retalhos da nossa identidade brasileira. Mucurana canta, dança e relembra provérbios, trazendo a tona o conceito simbólico e ancestral do homem sábio que fala ao povo. O espetáculo defende a tradição do contador mambembe de histórias, fazendo engordar o discurso grandioso desta gente brasileira. Mucurana que fala ao povo: alerta o oprimido, faz orgulhoso o preto e também o artista pobre que sempre se posiciona no tabuleiro da fome, da necessidade e da esperança! Suas palavras dizem do preconceito, do dinheiro e do lixo. Suas frases ainda falam do Brasil descoberto pelos índios, das estrelas, da esperança e da liberdade. O espetáculo reafirma o interesse de Asaías Lira(Zaza) em apresentar com “os pés descalços” a condição humana de um povo, que com muito pouco, consegue expressar a dimensão da sua existência.

MARéMUNDO é o quarto e último solo do Coletivo Grão Comum. A encenação de Arthur Canavarro conta a história de Beira-mar. É a odisséia de um pescador pelo desconhecido, atravessando o oceano, por crer na existência de uma ilha que ele precisa chegar. No seu universo, o mar não é simplesmente uma realidade física e biológica, mas povoada por seres humanos e não-humanos, por monstros e divindades e navegá-lo para além do horizonte pode ser visto como produto do desespero e do espanto. É uma narrativa sagrada que vai além dos heróis, dos monstros marítimos, das histórias de sereia e dos desafios irreais. Este homem, na beira-mar, pensa que navegar é preciso porque quando somos surpreendidos, quando acontece algo inesperado ou imprevisível, quando o significado costumeiro das coisas, das ações, dos valores ou das pessoas perde sentido, mudamos ou precisaríamos mudar de rumo para entender o porquê de tudo acontecer.


FOTOGRAFIA
Exposição sobregrãos 16 fotografias de Juan Guimarães compõem um painel visual do trabalho realizado por cada artista. A exposição é “sobre os grãos... sobre cada grão... Sobrepostos um a um... Sobre o que tudo aquilo diz para os mesmos e para os que compartilham dos grãos oferecidos... Sobre as imagens que muitas vezes falam, mas sem o som das palavras... (apenas o silêncio) s obregrãos” descreve Juan. E ainda existem outros motivos: Acompanhar o olhar singular do fotógrafo que percebe a cena no efêmero momento de sua existência. Dialogar com linguagens que, juntas, ampliam nossa percepção artística da obra é o que acontece nesta exposição/relação entre o Teatro e a Fotografia. Agrupar e revelar o conjunto, as sutilezas de cada monólogo. Fazer uma homenagem ao autor das imagens e aos artistas do Coletivo Grão Comum ao expor à tentativa, conjunta, de registrar o belo, o poético e o instante (mais do que PRESENTE) que acontece na cena.

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