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domingo, abril 11

Para um amor no Recife

E o Sérgio Brito que falou que custou a acreditar que era ator...

Hoje se faz um teste, uma prova que valida seus seis meses de curso de teatro (não vamos nem falar da procedência de seus professores). Com DRT numa mão e o ego na outra, vamos montar algo. É preciso mostrar seus dons, pois já se nasce com eles e os seis meses só servem de aprimoramento. Vamos fazer os espetáculos âmbar, depois os de contra azul e aqueles com os bambus fica pro final. Vamos sacralizar um dramaturgo e depois fazer uns cartazes e divulgar no orkut (e no tempo que o Sérgio começou a carreira, que nem existiam estas ferramentas tecnológicas).
Eu insisto numa das frases mais belas do teatro: “Foi com Walmor que conheci o amor e nunca a falta de amor, nunca vou esquecer o que aprendi. Ó Walmor”.
Eu queria conhecer o amor no teatro, queria que os artistas amassem mais a arte do que a eles mesmos. Desejo menos fake, mais dinheiro... Por falar em dinheiro, 80 mil é suficiente para sua montagem? Não há nada mais sem amor que o Funcultura, não é mesmo?! Amor e dinheiro, uma combinação. Alguém sabe se o Magiluth levou? E O Circo Rataplan bicampeão, alguém assistiu?
Vou lançar o edital “Habilitação para avaliações” (precisa-se de mais seis meses de curso de teatro. Quanto labor!).
Pergunto-me quem viu, quem vê, quem revê as peças, é tanta remontagem nas artes cênicas, né?!
Pergunto-me quando o teatro de grupo será realmente reconhecido como produção artística de referência, sem dúvida por sua melhor qualidade, ou quando os grupos terão condições de trabalhar no seu local de trabalho, o teatro, se este for o desejo dos coletivos. Li um texto de Luís Reis, professor da UFPE, que refletia sobre isso, como um médico pode trabalhar sem seus equipamentos no hospital, questiona. Eu acho que se pode fazer isso algumas vezes, mas quanto custará esta falta de estrutura. A vida do paciente?
O teatro em Recife às vezes parece que já era. Vão dez, vinte pessoas...
Pesquisas com garotas da classe média de Recife: Quantas peças vocês viram em 2009? Uma respondeu: Vi a de Gianecchini no Teatro da UFPE. A outra: Vi o Cirque du Soleil, vale?
Fonte: eu mesma.

Sei que estamos bem longe do sucesso dos caras azuis do cinema, mas dá pra ser bem melhor do que está, né? Precisamos de uma forcinha maior do poder público, os teatros precisam ser reabertos, e o mais importante, precisam ter movimento, ensaios, leituras, apresentações, seminários, workshops. Pode parecer asneira falar em reabrir teatro e ocupá-los, mas tem teatro que parece estar fechado. Ninguém sabe, ninguém viu. Dizem que todo teatro tem um fantasma mesmo... E os teatros, que são cineteatros? Eu reclamo disso. A Fundarpe está para reabrir o Teatro Arraial, depois de quanto tempo vocês lembram? Espero que façam o serviço direito e reinaugurem apenas uma vez, pra não ficar feito o cinema São Luiz, né? E a PCR faça MESMO do Centro Apolo-Hermilo um local de formação e pesquisa para as artes cênicas, migrando com o cinema para outro espaço mais apropriado e melhor equipado.
Não é pedir muito que minha arte, meu trabalho, seja legitimado pela qualidade artística e não por um erro de cálculo numa planilha, que seja reconhecido seu valor intrínseco sem sermos forçados a realizar contrapartidas sociais, certamente esta preocupação não compete a classe artística. Qual a contrapartida social que um funcionário público dá quando recebe seu salário?
Espero que dê para juntar uma grana com o salário de atriz nestes editais, ao menos pagar as contas do próximo mês. Quem sabe se pararem realmente de tratar as artes cênicas como arte de segunda, sem investimentos importantes, básicos até, possamos alcançar, o seu grupo e o meu grupo, o respeito de ser artista, e não ser tratado como um pedinte, um ser inoportuno que atravanca o caminho de toda uma política cultural, muito maior e verdadeiramente democrática (ai meus deus, eu quero a inocência das palavras de volta!).

Bons ventos e bom trabalho para todos nós.

Até!

Viviane Bezerra

6 comentários:

***O cantinho do meu canto*** disse...

Vivi,

Suas palavras refletem um sentimento de um coletivo. Um texto inteligente e cheio de AMOR.

Quando é que vamos conseguir fazer o nosso ofício com mínimas condições de uma plena realização, e que o retorno do mesmo nos dê o mínimo de conforto na sobrevivência diária? Quando vamos ter que parar de batalhar por profissões paralelas que garantam a nossa geladeira cheia e as contas pagas?

Não vamos parar, pois a única resposta que ainda temos para isso tudo, é o nosso labor.

Saudações Dionisíacas!

***O cantinho do meu canto*** disse...

Evoé a todos!

Kleber Lourenço disse...

Vivi,
lindo texto. Fortes palavras.
Quando? quando? quando? Nos perguntamos sempre. Quando vamos ser vistos como artistas e não pedintes? Isto bate forte.

Até quando seremos marginalizados e mal interpretados simplesmente por querer fazer, acrescentar, propor , mudar.

Por horas desacredito nesse mercado local, se é que existe...por horas acredito novamente, por ver, pequenas iniciativas...e me parece que estas são as que mais dão certo, porque força coletiva ainda se discute.

Ainda me apego ao labor. Ao fazer, a prática constante. Até porque se até isso tirarem de mim. Fudeu!!!

Que bom refletir com vc estas coisas nesse texto.
Obrigado.

Seguimos caminhando e produzindo.
Bjos

Kleber Lourenço.

Trupe de Copas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Trupe de Copas disse...

Oi Toni, oi Kleber!

Que bom os comentários de vocês!
Parece que nossas perguntas são bem semelhantes, muitos outros devem se perguntar sobre isso também.
O interessante é que estamos falando em trabalho e em oportunidade.
Não dá para só trabalhar e nunca alcançar, não é?!
De nada adianta ir ao encontro de uma oportunidade (de trabalho) que se esvai a cada fim de projeto, a cada fim de ano, a cada fim de gestão.
É via de mão dupla e precisamos fazer com que seja mesmo! No grito, na ideia, na disseminação, na união.
Nós que fazemos trabalhos tão diferentes, quão mais podemos nos unir além das perguntas lançadas acima?

Vivi

Cleyton Cabral disse...

Vivi, comungo contigo nesse texto tão sagaz e verdadeiro. Será que nos ouvem e leem? Beijos.