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segunda-feira, setembro 28

A CHAVE DA PORTA!

" Depois que todos os artistas pernambucanos virarem produtores culturais e
conseguirem lidar com toda a burocracia fundarpiana,
nós teremos então chegado ao paraíso.
Naquele dia que nunca chegou, pastarão biblicamente juntos o leão e o cordeiro.
As trombetas ou pífanos tocarão. Nos céus o clarão dos holofotes, iluminuras...
Cercado pelos seus anjos o deus-estado verá que tudo que fez era bombom!"

A profecia acima, foi desvendada dentro do Código da Vinci
e vem sendo verificada dentro dos nossos canaviais.
É cada vez maior a participação do estado na formulação de políticas culturais
em Pernambuco, chegando mesmo a direcionar a adaptação de projetos artisticos
que tentam se moldar as novas diretrizes supostamente originadas
nas conferências de cultura e afins.
Estas conferências merecem alguma investigação quanto
ao fetiche da participação do povo e quanto à validação democratica feita pela maioria
ou pela representação desta.
O papel do estado como criador da organização civil também não deve passar
em brancas nuvens quando formos avaliar o fenômeno.
Hoje, não tratarei destas coisas, quero apenas analisar brevemente qual o papel do
artista em uma sociedade cada vez mais burocrática.
Quem é o profeta hoje? O que sai de sua boca?
é possível imaginar que entre um currículo e outro, uma carta de anuência e outra
possamos criar uma arte verdaderamente pujante e questionadora?
Que energia mental vc tem para dedicar ao seu projeto
depois de fazer uns quatro projetos de funcultura?
No meio do processo, quantas vezes vc não amaldiçoou o momento
em que entrou nessa?
E quem já não quis se livrar de um projeto que amava no começo
e depois não via a hora de acabar?
Vamos lá... Mentiras sinceras me interessam.
Há um processo sistematico de institucionalização dos artistas.
Estes viraram clientes, fregueses ou coisa parecida. O cadastro de produtor cultural,
com a respectiva senha e seguindo
todos os decretos, portarias e comunicações é a chave.
Pedro nos aguarda com sua barba branca e gestual paterno.
Não tenha pressa... Há o purgatório antes.
Parece-me imcompatível com a liberdade criadora um amor tão grande e casto
pela burocracia.
O artista tem um outro papel, ou vários, e longe de mim querer esgotá-lo aqui,
mas também devo rejeitar um silencio obsequioso.
Desenha-se um cenário triste
de artistas domesticados, acostumados a adaptar suas criações a definições alheias...
Não bastasse a espúria contrapartida social!
A contrapartida social do artista é ele mesmo enquanto criador e sua obra!
Esta porém não pode ter fogo algum, ela não passa de pompa e palavras
vazias, quando bem comportada , adaptada e asumindo o cuidado de
diversas pessoas carentes que precisam da presença do estado.
Há uma clara transferência de responsabilidades.
Pois bem, depois que vc for produtor, assistente social, administrador público, vc
poderá até mesmo fazer um pouco de arte... um teatrinho manso!
O artista é a boca, são os olhos, o corpo de um mundo desperto.
Crir é seu modo de existir.
A dúvida, a tese, o insight, todas estas coisas tem amizade com ele.
É o artista que promove o som e a fúria da vida!
Sem uma arte pujante, resta-nos de um lado o terror e do outro o
banho-maria social.
Em nenhum lugar do mundo
tanta burocracia representou avanço ou controle
social e administrativo.
Não é por acaso que os países mais democráticos e transparentes
são os de menor burocracia.
Afogar os artistas em papeis e portarias, não garante, nunca garantiu,
a probidade do sistema.
Pode sim, domesticá-lo, coduzir sua mente, destruir seu espírito.
Não sou contra a participação do estado com suas institições,
mas devemos abrir os olhos... Há outras formas!
Não se trata de escolher uma pessoa dentro dos grupos para lidar
com a burocracia,
trata-se de erradicar um tumor, um mal que é sem dúvida
um dos principais obstáculos para a realização de uma democracia plena,
de um mundo melhor.
Espero que nosso futuro não venha a parafrasear o que já foi dito:

"Ai de ti Recife, que matas os profetas..."


eliasmouret

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